Em julho, foi lançado o resultado da escuta “Violências no cotidiano de adolescentes na grande São Paulo”, iniciativa do Comitê Paulista pela Prevenção de Homicídios na Adolescência em parceria técnica com a Rede Conhecimento Social.
A escuta revela que as violências contra as(os) adolescentes se repetem nos mais diversos ambientes da vida diária – incluindo aqueles que deveriam ser espaços de proteção. Oito em cada 10 adolescentes consultados indicam ter visto pelo menos uma situação de violência contra adolescentes na escola, três em cada 10 nos serviços de saúde e um em cada 10 nos serviços de assistência social. A própria casa foi indicada por três de cada 10 adolescentes ouvidos. Já viram violência contra adolescentes na internet e nas ruas cerca de 9 entre cada 10 entrevistados.
“Um dos resultados que nos chama a atenção é o fato de que 61% dos participantes da escuta concordaram totalmente que a maior parte dos lugares (casa, trabalho, e outros) podem ser inseguros para mulheres”, conta Ana Paula Santos, educadora e representante do CDHEP no Comitê.
Outro dado surpreendente é que 24% disseram dos jovens ouvidos afirmaram que já perderam alguém próximo, com até 19 anos, por suicídio e outros 19% perderam alguém próximo, com até 19 anos, por homicídio. Além disso, 86% discordam que adolescentes e jovens negros e brancos sejam perseguidos por policiais na mesma intensidade e 91% dos adolescentes concordam que apesar de ser um assunto chato, precisamos falar sobre a violência que afeta adolescentes.
São várias as experiências de violência marcando o cotidiano dos adolescentes. Abuso sexual, agressão física, bullying, racismo e LGBT-fobia também são violações conhecidas e citadas por muitos das(os) adolescentes.
Participação ativa do CDHEP
O Comitê Paulista de Prevenção de Homicídios na Adolescência (CPPHA) foi criado em 2019, por iniciativa da Assembleia Legislativa, Governo do Estado e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Somam-se a essa articulação o CDHEP e outras entidades parceiras que desde sua criação desenvolvem um trabalho importante para o enfrentamento das violências letais e das outras formas de violências contra adolescentes no estado.
Para dar conta desse desafio o CPPHA organizou-se em quatro grupos de trabalho (GTs): 1) Dados, Métodos e Pesquisa, 2) Políticas públicas interinstitucionais, 3) Território em pauta e 4) A justiça e o adolescente.
O CDHEP tem atuado no GT Território em Pauta que tem, entre suas funções, garantir a participação e trazer a voz dos adolescentes nas atividades do Comitê. Por isso, após várias reuniões e debates, este grupo decidiu realizar uma escuta com os adolescentes que foi desenvolvida com a participação ativa dos e das jovens.
As instituições integrantes do GT convidaram dez adolescentes, que participaram de oficinas online realizadas entre novembro de 2020 e março de 2021, utilizando a metodologia da PerguntAção trazida ao grupo pela Rede Conhecimento Social.
Os e as adolescentes eram da cidade de São Paulo, de diferentes regiões. Além das reflexões feitas no grupo que evidenciou por exemplo, que estes adolescentes se sentem acolhidos em suas necessidades por outros adolescentes, eles e elas desenvolveram o formulário da escuta que foi amplamente divulgado e atingiu 747 jovens, sendo 66% do gênero feminino, 32% masculino e 2% não binário.
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